segunda-feira, 12 de março de 2012

I Seminário da Saúde do Trabalhador das Agroindústrias



Mais de 150 pessoas reuniram-se no Salão de Atos na Unochapecó



Neste sábado, dia dez de março, o Sitracarnes- Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes em Chapecó, realizou no Salão de Atos da universidade comunitária Unochapecó o primeiro Seminário da Saúde do Trabalhador das Agroindústrias. Estiveram presentes representantes de entidades como MST (Movimento dos Trabalhadores sem Terra), UFFS (Universidade Federal da Fronteira Sul), MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), Sintrial (Sindicato da Alimentação de Concórdia), CEREST (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador), Contac (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimento), Sintraturb (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Urbano Rodoviário de Florianópolis), Paróquia de Chapecó, Sindicato da Saúde de Chapecó-SC e Sindicato da Alimentação de Toledo-PR. 



Tal reunião foi esclarecedora, levando em consideração que nunca houvera na região um seminário como este para os funcionários das indústrias de carnes ou comunidade em geral. O presidente do Sitracarnes, Jenir de Paula, declarou que o trabalho é deveras importante, entretanto não deve mutilar o trabalhador. Sugeriu ainda, alternativas para prevenir a moléstia: diminuir ritmo e jornada de trabalho; padronizar as altas e baixas temperaturas nos ambientes de produção ou até mesmo a realização de pausas e rodízios dos empregados. Lembrou que na falta de alternativas, não se descarta a possibilidade de paralisação da classe a respeito dos direitos de saúde no trabalho.

O Secretário de Saúde do Sitracarnes, Gilson Karling, ressaltou a importância do trabalhador para que essas medidas vigorem. Também é significativa a multiplicação da informação, por parte dos presentes no seminário em relação aos colegas de trabalho. Laires Schneider, Diretor de Finanças, reforçou dizendo que há falta de informação e que se precisa da força trabalhista combatente perante a empresa. Somente assim haverá mudanças, por sua vez também dependentes do governo. 

O Seminário contou com a presença de Paulo Roberto Cervo, auditor fiscal do Ministério do Trabalho. Falou sobre o método TOR TON, usado nacionalmente como maneira geral de abrangência, que rege as condições de trabalho em empresas e indústrias, tal não aceito cientificamente. Apontou o método OCRA, mais meticuloso e já praticado nos países europeus, tratando de casos individuais com imparcialidade e mais eficácia, porém ainda não traduzido pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Entidade privada reconhecida pelo governo- “É muito importante conscientizar os trabalhadores. Deve haver organização e fiscalização nas empresas, alguém que diga até onde vai o limite trabalhista”, disse ele.

Valter Fuck, do Ministério Público, indaga a falta de fiscalizadores nas agroindústrias do estado. Fala dos contratos assinados em papéis e dissimulados na prática. Uma forma efetiva de fiscalizá-los, segundo ele, parte dos trabalhadores denunciarem estes descumprimentos, pois são eles quem estão acompanhando a realidade da empresa todos os dias; Maria Aparecida dos Santos, advogada do Sitracarnes, lembrou do impacto ambiental causado pelas indústrias, que atinge direta ou indiretamente os próprios trabalhadores e consumidores; O Médico do Trabalho, Roberto Ruiz, professou sobre a LER (Lesão por Esforço Repetitivo).

Representando a Fiocruz, Marco Antônio Carneiro Menezes, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, divulgou os cursos em pós-graduação do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana, na cidade do Rio de Janeiro- “Esta pós-graduação é muito importante, o trabalhador se atualiza para que se possam resolver problemas de saúde no trabalho e de ecologia humana no dia-a-dia, com os instrumentos legais incubidos. Além disso, existem parâmetros sócioecológicos no eixo Rio-São Paulo que podem ser encaixados nessa realidade local, por exemplo. Hoje, a Fiocruz conta também com estrutura para cursos do nível médio.” Conta-nos Menezes.

Houve no encontro uma lacuna para perguntas, onde os trabalhadores tiraram suas dúvidas com os palestrantes ou encaminharam soluções em conjunto ao sindicato. Foi oferecido um coquetel aos mais de 150 presentes, além de broxes com os dizeres “Um mundo ser LER é possível” e exemplares do documentário “Carne e Osso”, exibido em versão enxuta durante o evento. Sobretudo, a Direção do Sitracarnes agradece a colaboração de todos na realização do I Seminário da Saúde do Trabalhador das Agroindústrias em Chapecó e parabeniza os profissionais envolvidos.