Procurador do trabalho, Sandro Sardá |
O procurador do Trabalho Sandro
Eduardo Sardá acredita que a pesquisa "Perfil de Agravos à Saúde em
Trabalhadores de Santa Catarina", realizada por pesquisadores da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade do Vale do Itajaí
(Univali), que aponta que o setor das carnes é o que mais adoece, servirá de
base para a criação de políticas públicas voltadas à saúde do trabalhador em
órgãos como o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Previdência Social e o
Sistema Único de Saúde (SUS). Também, segundo ele, vai permitir que a Justiça
trabalhista e o Ministério Público do Trabalho deem prioridade aos setores da
economia que tiveram mais registros de doenças.
Sardá destaca que um dos principais
problemas revelados pela pesquisa é a perícia falha dos técnicos do INSS na
definição de tipo de benefício. Ele explica que a maioria dos trabalhadores
diagnosticados com transtornos depressivos receberam, no período,
auxílio-doença comum, ou seja, não relacionado às atividades no trabalho.
“Em 2011, somente 9,48% dos
benefícios concedidos aos trabalhadores de frigoríficos com o diagnóstico de
transtornos depressivos foram classificados como auxílio-doença acidentário
(quando tem relação com o trabalho), mas, segundo a pesquisa, há uma
prevalência de episódios depressivos 341% maior em funcionários de frigoríficos
do que os de outras atividades econômicas”, exemplificou o procurador.
Sardá lembra que o auxílio-doença
acidentário garante 12 meses de estabilidade no cargo após o afastamento e
depósito do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). As mesmas vantagens
não são oferecidas pelo auxílio-doença comum.
Médico do trabalho no sindicato
O sindicato tem muitos relatos de
trabalhadores que adoeceram, mas a empresa não reconhece a doença, não dá
atestado durante todos os dias solicitados pelo médico e muitas vezes, quando é
necessário encaminhar benefício pelo INSS, encaminha como se não fosse por
doença.
Outro problema das empresas do setor de
carnes é elas não abrem a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), não
reconhecendo o adoecimento. Por isso, o sindicato contratou um médico do
trabalho, que vem de Florianópolis para Chapecó avaliar os exames dos
trabalhadores e fazer a abertura de CATs. Se você não tem a doença de trabalho
reconhecida pela empresa, procure o sindicato.