Trabalhadora que adoeceu no corte de peru na BRF/Sadia mostra os braços que hoje não dão conta nem do serviço da casa |
Temos uma notícia triste para nosso
Estado de Santa Catarina, e também para Chapecó. Uma pesquisa revelou que aqui
os trabalhadores adoecem muito mais que no restante do país, e o setor que mais
provoca doenças do trabalho é a agroindústria. Ao mesmo tempo que ficamos
tristes com os dados, precisamos refletir sobre ele nos unir enquanto
trabalhadores, junto ao sindicato, para buscar melhores condições de trabalho.
O levantamento se chama "Perfil
de Agravos à Saúde em Trabalhadores de Santa Catarina", realizado por
pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade
do Vale do Itajaí (Univali), e levou três anos para ficar pronto. A pesquisa é
inédita no país e mostra que o número de trabalhadores afastados por motivos de
saúde nas principais atividades econômicas de Santa Catarina é 48% maior do que
a média nacional.
Segundo o levantamento, que foi
encomendado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) no Estado, os setores que
mais registraram afastamentos por doença nos últimos anos foram o de carnes,
seguido pelo têxtil e o comércio.
Como foi feita a pesquisa
O professor Roberto Cruz, do
Departamento de Psicologia da UFSC, diz que a pesquisa analisou o número e o
tipo de benefícios previdenciários concedidos para trabalhadores com problemas
de saúde entre 2005 e 2011 disponíveis na plataforma de informações da
Previdência Social, a Dataprev.
Os pesquisadores levaram em
consideração as 15 atividades econômicas que mais empregam em Santa Catarina.
Com base na comparação com os dados
nacionais da Dataprev, os pesquisadores chegaram a uma primeira conclusão
geral: proporcionalmente ao número de trabalhadores, o Estado registrou no
período um número de afastamentos por doença 48% maior do que a média nacional.
Os frigoríficos adoecem mais
Conforme a pesquisa, o trabalho nos
frigoríficos, no abate de frangos e suínos, foi a atividade que teve maior
incidência de afastamentos: seis anos considerados, 19,3 mil trabalhadores do
setor de carnes receberam benefícios previdenciários por doença. O número
corresponde a 39% dos 50 mil empregados nos frigoríficos hoje.
Em Chapecó, temos muitos
trabalhadores que adoeceram por causa do trabalho nas agroindústrias. O
sindicato orienta que quando os atestados médicos não forem aceitos pela empresa
para o trabalhador procurar o sindicato, que buscará os encaminhamentos
necessários para que o tratamento possa ser realizado.